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O BOLSONARISMO COMO TENTATIVA DE MUDAR A SOCIEDADE E O BRASIL
“Prefiro tratar as coisas como elas são na realidade”, teria dito Machiavel no “O Príncipe”. Vamos, então, tratar do bolsonarismo como uma entidade psíquica que alcança o indivíduo e a sociedade. O conceito de dialética negativa de Theodor Adorno para a construção de uma nova civilização, sob a construção cumulativa da alienação e repulsa do sistema, chega ao nosso tempo com a força do ódio de todos contra todos expresso em ideologias como o bolsonarismo. Este retrata a sociedade contemporânea como um mundo de miséria moral, construído sobre a produção psicológica de uma sensação de falta da força autoritária de uma ditadura, como teriam sido os 21 um anos desde o golpe de 1964. A história da civilização é a história da renúncia, o que está contra ela não contribui para sua estabilidade. Ao invés da utopia (que é a idealização do futuro, uma sociedade melhor, mais democracia, mais direitos fundamentais, estados mais comprometidos com o bem-estar), uma distopia (dissolução do futuro utópico) que decorre da negação torna-se necessária. Uma volta periódica à barbárie é necessária para devolver a sociedade ao eixo autoritário, segundo pensam gurus do bolsonarismo.


As sociedades originais humanas em tempos paleolíticos e sociedades semelhantes de hoje em dia se encontram, bolsonaristas vivendo uma forma de grupos que se consideram não-alienados, “patriotas”, oprimindo enquanto parecem lutar com a forma não-opressiva de vida sob a democracia igualitária, embora sua ideologia comporte a violência e o ódio contra direitos fundamentais. Não se sabe em que se baseiam , se no supremacismo ideológico, se somente no ódio contra tudo que representa a ordem distributiva e partilha dos bens sociais que é negada a mais de 70 milhões de brasileiros. Há envolvimentos mais profundos que acompanham indivíduos e sociedades. Nesse aspecto, bolsonaristas regridem na história da civilização para antes dos conceitos na modernidade pós Hobbes e Decartes. Muito antes da democracia e da propagação dos direitos do homem (humanidade!), segundo Jean-Jacques Rousseau.


Jair Bolsonaro não é um teórico do anarquismo, porém, em suas declarações criminosas, prega o retrocesso da civilização, que sua gestão representaria a partir da violação da democracia e das garantias de direitos fundamentais. As preocupações latentes de ativistas e de movimentos contra a democracia e direitos humanos, através do autoritarismo e o absolutismo do Estado, pouco diferem da barbárie na Antiguidade. A não ser pelas tecnologias digitais utilizadas.


Teóricos do anarquismo fascista, também identificado no bolsonarismo, mostram que esse movimento comparece entre outros movimentos incontroláveis. Movimentos de multidão. Então, do que necessitamos? É preciso detectar essas monstruosidades antes que influenciem outros a fazerem o que já se verifica como intenção ou gozo na “deep-internet”. É possível verificar, também, que o “gabinete do ódio” do último governo, inspirou massacres como ocorridos nos anos de governo bolsonarista. Negacionismo quanto ao isolamento social e vacinas durante a pandemia; ataques a comunidades quilombolas, genocídio da população indígena yanomami, como exemplo. Ali se oferece acesso a conteúdos que mobilizam integrantes das plataformas virtuais pela raiva e ódio. A maior disseminação de conteúdos extremistas nas redes sociais, em fóruns secretos da internet, foi um dos fatores apontados por especialistas para o aumento dos ataques depois das eleições de 2022. Extremistas jamais pensam que estão incorrendo num crime contra o estado de direito previsto na Constituição.


A massa bolsonarista que invadiu a Praça dos Três Poderes confirma essa visão. Qualquer dos terroristas poderia dizer: “Não cometemos crime nenhum, não somos violentos, jamais atacamos pessoas. Não é violência destruir os símbolos dos perseguidores de Bolsonaro, do comunismo na Justiça e no palácio presidencial. Segundo teóricos “black-blocks”, afins ao bolsonarismo, a violência só pode ser exercida contra outros seres vivos, coisa que não aconteceu com os dois mil manifestantes, entre eles os que destruíram objetos de arte, esculturas, quadros, computadores, portas e vidraças no 9/1. Se houvesse derramamento de sangue, pela repressão, o Estado seria responsabilizado. Os manifestantes, sustentados e alimentados por empresários fascistas, jamais pensaram que estavam incorrendo num crime contra o estado de direito previsto na Constituição. É possível verificar, também, que o “gabinete do ódio” do último governo, inspirou candidatos a apoiarem o golpe para destituir o presidente eleito nas eleições de 2022, enquanto o titular do STE também seria preso. Ali se oferece acesso a conteúdos que mobilizam integrantes das plataformas pela raiva e ódio contra as instituições da Justiça. A maior disseminação de conteúdos extremistas nas redes sociais, em fóruns secretos da internet, foi um dos fatores apontados por especialistas para o aumento dos ataques depois das eleições de 2022.


Temos o dever de esclarecer que não tratamos aqui de todas as situações do bolsonarismo de massa. Nem pensamos em discutir a falta de percepção de uma necessária convivência democrática na coletividade nacional. Não temos dúvida que uma grande parte das pessoas não tem conhecimento do que se passa, quando aderem a uma liderança como a do último presidente, este que perdeu as eleições enquanto pretendia perpetuar o regime aceito em 2018. Uma diferença menor que 2 milhões de votos mostrou que o bolsonarismo é uma realidade daquelas consideradas por Machiavel. Não pode ser desconsiderada.

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